Início Opinião Editorial CRÔNICA: A ÚNICA VEZ QUE ENFORQUEI AULA

CRÔNICA: A ÚNICA VEZ QUE ENFORQUEI AULA

0
CRÔNICA: A ÚNICA VEZ QUE ENFORQUEI AULA

CRÔNICA: A ÚNICA VEZ QUE ENFORQUEI AULA

Eu estava encostado na parede de uma casa, em frente ao colégio onde estudava… Tinha chegado cedo e me deixava ficar… Os colegas da turma iam chegando e ficando por ali também… E, claro, que as conversas começavam… 

Vamos enforcar hoje, Tuchê???… Primeiramente, devo explicar, que quem me fez tal convite, foi um cara chamado Leo… Ele era do tipo descolado, livre e disposto a tudo… E eu, era um songo mongo… Há!!!… Eu era do tipo certinho e coisa e tal… Nunca tinha enforcado um dia sequer, e aquele convite, balançou comigo, e imediatamente, me senti sem chão… 

Em segundo lugar, devo explicar que Tuchê era meu apelido… Naqueles dias não tinha um ser vivo, sobre o Planeta Terra, que me chamasse pelo nome… Meu nome, era a mesma coisa que nada… O apelido que eu tinha ganhado aos sete anos de idade, de um primo mais velho, por ter dado uma bolada no saco dele, pegou e para sempre… 

Voltando ao cara que tinha me feito o convite, devo registrar que ele era o libertino do grupo… Ele nos matava de inveja, contando os seus feitos com a mulherada… Foi ele que me apresentou Carlos Zéfiro, o mestre da revistinha de sacanagem, que chamamos de catecismo… E assim que eu conheci aquela revista, me tornei um fã, apesar de viver em crise espiritual, achando que estava cometendo um pecado mortal, e que estava fadado ao fogo do inferno… 

Pois sem perceber, eu dei o meu sim… Sim, vamos enforcar as aulas hoje… Me pus em prontidão… Leo tentou chamar outros, mas nada conseguiu… Então nós pusemos em movimento… Mas, a pergunta que eu me fazia era: para onde???… Fomos caminhando, e a cada passo, me lembrava da primeira sensação ao ser convidado: cadê meu chão… 

Mas um fato me relaxou… Assim que entramos numa avenida, vimos Martinez indo na direção do Colégio… Ele morava na Moraes Sales, e imaginei que aquele era o seu caminho todo dia… Mas, o fato que me relaxou, foi assim que Martinez nos viu, deu meia volta e ficou marcando passo, para nos esperar… Sem ser convidado, ele aderiu ao nosso crime… Ou seja, se convidou… 

Continuamos em frente… Ao chegar na frente de um bar com mesa de sinuca, Leo desafiou a mim e ao Martinez… Eu nunca tinha jogado e iria continuar daquele jeito… Me sentei numa cadeira, e de posse de uma Coca Cola, fiquei observando os dois jogarem… E além de tudo que o podia classificar, Leo se mostrava um entendido no taco… Mas, Martinez, não ficava tão longe na disputa… 

Por um bom tempo esqueci do remorso, por estar enganando o mundo… Confesso que me senti muito mal, mas acompanhando o jogo e tomando aquela Coca Cola, me distrai e esqueci todo o mal que estava fazendo… 

Para melhorar a situação, Leo e Martinez pararam de jogar, vieram sentar perto e começamos um papo de homem feito… O assunto era em torno do que queríamos ser quando crescer… Eu ainda não tinha pensado no assunto… Ainda estava no quarto ano do colégio e não visualizava nada ainda lá à frente… Leo, como era um nem aí pra coisa de estudar, falava em procurar um emprego pra tocar a vida… De repente, percebemos que Martinez estava desenhando com a maior facilidade… E, naquele momento, torci muito para que ele se tornasse um grande artista plástico… Bem, nunca mais soube dos dois… Espero que eles estejam bem… 

É isso…

Grande abraço a todos… 

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile