Início Opinião Editorial “Terra! És o mais bonito dos planetas. Tão te maltratando por dinheiro”

“Terra! És o mais bonito dos planetas. Tão te maltratando por dinheiro”

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Por Dalmo Viana

O título desse artigo é um recorte da canção do mineiro Beto Guedes em homenagem ao nosso mundo. Escolhi esse recado, ao mesmo tempo poético e contundente, para externar minha opinião de que o dinheiro não pode ser inimigo do meio ambiente. E afirmo isso baseado em estudos que apontam para a adoção do chamado modelo de economia verde como a saída para a recuperação da crise causada pela pandemia do coronavirus.

A pesquisa realizada pelo Instituto WRI Brasil, UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que ao fomentar o crescimento e o desenvolvimento econômico, protegendo as riquezas naturais e a sustentabilidade, o Brasil poderá aumentar o seu Produto Interno Bruto (PIB) em R$ 2,8 trilhões e gerar mais de 2 milhões de empregos em uma década.

As organizações, os governos e a população em geral têm que ter a consciência de que o aquecimento global e a perda da biodiversidade implicam num futuro em que teremos de conviver com a escassez de recursos naturais e o aumento de eventos climáticos extremos. Neste ano, em que o Dia da Terra, data criada para promover o desenvolvimento sustentável, comemora 50 anos, devemos deixar de lados os discursos bonitos e vazios e partir para a ação, tendo como foco as metas propostas pela ONU, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e no Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Por definição, desenvolvimento sustentável é “a capacidade de utilizar os recursos e os bens da natureza sem comprometer a disponibilidade desses elementos para as gerações futuras”. Dentro deste contexto, as empresas dever assumir o papel de vanguarda, engajando as pessoas e tendo preocupação com o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente e a sociedade. O resultado financeiro deixa se ser o único a ser considerado. A busca constante pela eficiência, inteligência e sustentabilidade são desafios a serem perseguidos e é fundamental estar abertos a soluções globais que possam ser aplicadas a demandas locais, como forma de acelerar esse processo.

O Brasil na economia verde

O ex-presidente americano Barack Obama alerta que “o clima está mudando mais rápido do que as ações para lidar com a questão”. Porém, algumas iniciativas podem servir de alento e fortalecer nossa esperança. O Iclei – Governos Locais para a Sustentabilidade, é uma rede global que atua em mais de 100 países. Seu objetivo é influenciar a política de sustentabilidade e impulsionar a ação local para o desenvolvimento de baixa emissão, base da natureza, equitativo, resiliente e circular.

Um dos projetos de destaque do Iclei é o de formação de lideranças responsáveis. Batizado de Líderes do Futuro, a proposta é incentivar os jovens empreendedores a assumirem uma posição mais afirmativa na agenda de sustentabilidade, replicando atividades especialmente desenhadas para a juventude. Outra entidade suprapartidária, a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), tem uma atuação voltada para a melhoria da democracia e do processo político brasileiro, com a formação, apoio e desenvolvimento de lideranças políticas comprometidas com o desenvolvimento sustentável.

Outra ação de destaque foi realizada em julho, com a oficialização da parceria entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a empresa Sosa, que tem uma atuação global em inovação aberta. Com DNA israelense, a Sosa é especializada na implantação de soluções tecnológicas e modelos inovadores em empresas e entidade públicas, visando alavancar negócios através de transformações digitais. Os Centros de Inovação mantidos pela empresa são espaços para troca de experiências entre governos, empresas e empreendedores de tecnologia.

O Brasil é um dos 193 países comprometidos com os objetivos globais da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Além disso, cidades importantes do país como São Paulo são signatárias do Pacto de Milão, que busca a construção de políticas públicas pautada num modelo de produção de alimentos sustentável, para oferecer aos estudantes uma dieta saudável, nutritiva e com produtos frescos, além de fortalecer o processo de conscientização contra o desperdício de alimentos. Temos muito trabalho pela frente e vamos fazer o possível para garantir a preservação ambiental para as gerações futuras.

Mas é preciso ressaltar que, apesar de serem metas globais, a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável acontece nos municípios, que são unidades federativas com autonomia administrativa, política e econômica. Portanto, precisamos criar fóruns e espaços de interlocução que reúnam poder público e sociedades civis locais para definição de ações que contribuam para o desenvolvimento sustentável, para assegurar direitos, enfrentar a pobreza, lutar contra a desigualdade e enfrentar os desafios impostos pela crise na saúde e na economia.

Sociólogo especialista em gestão pública passa a escrever semanalmente sobre temas da política nacional.

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