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CRÔNICAS: UM DIA QUE FICOU LÁ NOS ANOS 80 – POR JOAQUIM BRANDÃO

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Era um dia comum de trabalho dos anos 80… Não me lembro que dia da semana era… Podia ser segunda, podia ser terça, podia ser quarta… Assim como podia ser quinta ou sexta… No sábado não havia expediente… 

Naquela época, eu estava ligado a uma distribuidora de filmes e colaborava com duas consideradas Majors, ou seja, eram duas daquelas de nomes pesados e internacionais… 

Rua do Triunfo, centro de Sampa… Ali viviam em perfeita harmonia, o povo do cinema, as prostitutas e os bandidos… Conheci um irmão do Hiroito naquele pedaço de Sampa… Um dia ele apareceu na empresa onde eu estava, atrás de uma informação sobre um determinado filme, como eu era o intelectual da empresa, fui designado para atendê-lo… 

Pra quem não sabe, Hiroito ganhou o apelido de Rei da Boca do lixo, nos anos 60… O cara era o dono do pedaço… Era ele que comandava o tráfico, a prostituição e outras coisitas… O cara era o bicho… Mas era daquele tipo de bandido do velha guarda, agia na boa… Quer dizer, nem sempre… 

Mas o que eu quero contar, é que, num determinado dia, sai para ir até o banco… O roteiro era a Rua do Triunfo, à esquerda, até a Washington Luis… O banco ficava ao lado do DEIC… Cada dia que eu passava por ali, assistia a uma cena louca… Era inevitável… O movimento de entrada e saída era intenso… 

Pois num dia, assim que eu entrei na Washington, assisti alguns carros de polícia chegando em alta velocidade e brecando em frente à porta do DEIC… No momento em que eu me aproximava daquele comboio, a porta traseira do primeiro veículo já estava aberta e dois investigadores amparavam uma mulher na saída…

Quando a tal mulher pisou na rua, me arrepiei… Ela era linda e vestia um vestido preto brilhante muito bonito… Coisa de gente da boa vida… Mas o rosto dela estava cheio de sangue… Os dois policiais não deram um tratamento de cavalheiros, grudaram naquela mulher, um de cada lado e a arrastaram para dentro do prédio…

Aquela cena me marcou demais… Encostei na parede e me fiz dezenas de perguntas… A primeira foi: quem será aquela mulher???!!!… A segunda: o que ela aprontou???!!!… Coisa boa ela não devia ser… E nem o que ela fez… Como naqueles dias não tínhamos os programas policiais, carrego essas perguntas comigo até hoje… 

Mas como a vida corria frouxa bem nas minhas fuças, tinha que continuar a minha caminhada, a minha labuta diária… Aquela era a vida nua e crua… Não podia fazer nada por aquela mulher, mas podia fazer por mim… Então respirei fundo algumas vezes e fui para o banco… 

É isso…

Grande abraço a todos… 

Quem conversa com ele 10 minutos não sai sem aprender algo além de ter dado muitas e boas gargalhadas.

Joaquim Brandão escrever

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