Início Opinião Editorial A linguagem da depressão: quando a angústia tem voz e expressão

A linguagem da depressão: quando a angústia tem voz e expressão

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Por Ana Carolina Fonseca

A angústia, a apatia, a desesperança…todos esses sentimentos impregnam as palavras que escolhemos, alteram o nosso vocabulário, deformam nossos padrões gramaticais e inclusive o tamanho das frases que pronunciamos. Tudo é mais breve, mais obscuro e marcado por essa profunda amargura que mancha por completo a aquarela da nossa realidade.

A depressão dá pistas e entra pelas janelas da nossa casa de muitos jeitos diferentes. No entanto, sua principal habilidade e feroz artimanha é deformar tudo: nosso comportamento, nossa motivação, nossos hábitos de vida, nossos pensamentos, nossa linguagem…

Em algumas ocasiões, longe de reagir perante tudo isso, acabamos desistindo e assumindo sua presença, integrando-a como uma parte do nosso ser.

Uma coisa curiosa é que a linguagem da depressão costuma fazer uso de um pronome quase que exclusivamente: “eu”. O mundo na mente da pessoa depressiva se torna minúsculo, reduzido e opressivo.

Nesse pequeno território de sofrimento só habita a própria pessoa, esse eu que já não pode se conectar com ninguém, que é incapaz de ver perspectivas para sua vida, que não pode sentir empatia, relativizar, não pode se abrir a outros mundos, ventos e correntes mais otimistas.

No entanto se formos capazes de perceber que nossos familiares e amigos estão dando as primeiras pistas de uma linguagem da depressão, podemos facilitar uma intervenção e sua consequente recuperação, para poder prevenir com maior acerto e tratar com maior qualidade uma doença que cada dia tem uma incidência maior na população.

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Abraços no Coração

Ana Carolina Fonseca
Psicóloga CRP 06/140821

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