A comunicação digital toma uma forma viral e contagiante, principalmente quando se trata de conteúdos emocionais e afetivos. Ela se espalha tão rapidamente pela internet que mesmo um conteúdo simples pode contagiar milhões de pessoas e torna-se pandêmico.
As redes sociais como Instagram e Twitter são as principais utilizadas no Brasil e no mundo para que a sociedade se comunique, exponha suas ideias, opiniões e julguem o que é certo ou errado. Além de ferramentas de entretenimento, também são fontes de trabalhos, quem está fora desse universo não é reconhecido como uma empresa ou serviço existente, portanto os perfis considerados influentes propagam conteúdos, ideias e marketing das marcas que “condizem com seu perfil”. Os empresários dessas marcas e perfis influentes, na verdade, é o público consumidor, pois é o número de seguidores que dita o jogo e, se por algum deslize ou atitude que a sociedade digital julgue como errado, a demissão é certeira, sem aviso prévio e na maioria das vezes com um adicional de violência psicológica.
Nesse universo digital as coisas acontecem de forma instantânea e tão logo as pessoas dizem o que pensam e julgam os fatos, mudando de opinião na mesma velocidade das máquinas, podendo amar e odiar em minutos uma pessoa ou conteúdo digital. O poder que a pessoa acredita ter em expor seu ódio ao próximo dá vazão para essa cultura do cancelamento, pois protegido pela distância física a pessoa tende a não temer as consequências de seus atos (ela pode agredir o outro no conforto de seu sofá) e diminui também a preocupação com o próximo que nem é visto como pessoa humanizada e sim um humano objetivado semelhante a uma “coisa inanimada” na qual não precisa ter empatia, respeito e cuidado.
Temos duas faces da moeda, por um lado temos os canceladores que julgam o que é certo e errado e, do outro o cancelado que teve uma atitude inadequada. Se pararmos para pensar e observar ambos são parecidos, pois a atitude, na maioria das vezes, é propagando ódio, desrespeito, opiniões como verdades absolutas, agressão verbal e psicológica. É um ciclo codependente em que um precisa do outro (cancelador e cancelado) para manutenção nesse movimento.
Acredito que precisamos resgatar nossos valores, conhecer nossos direitos e deveres como cidadão e utilizar os órgãos que regulamentam e julgam com base em normas sociais atitudes que desrespeitam e violam os direitos humanos e de convívio social, não cabe a nós ocupar tais lugares com base em opiniões subjetivas e individualistas. Que possamos dar menos palco ao show de horror que assistimos nas redes sociais e possamos cuidar mais uns dos outros.
E você já cancelou ou foi cancelado nesse universo digital?
Psicóloga Josiele de Souza – CRP 06/115607
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