quarta-feira, setembro 18, 2024
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Pró-Matre: Damas da Cruz verde – Por Meredith Sullivan

As Damas da Cruz verde (início do século xx), não estamos a abordar ideais políticos, mas neste momento, estamos a relembrar um fato histórico nascido de uma crise, um movimento em favor da vida, não apenas de mulheres e crianças. Um Grupo constituído por homens e mulheres, mulheres como as idealizadoras e os homens, como apoiadores racionais deste projeto, o qual ao longo da história foi esquecido e vale apena por nós ser lembrado.

 ” É em momentos de crise, que nascem as melhores ideias.”

Está denominação foi utilizada por um grupo de mulheres da elite carioca e fluminense, como a baronesa do Bonfim, Jerônima Mesquita e Stella Guerra Duval, que prestaram serviços assistências no combate a gripe espanhola, que assolou a cidade do Rio de Janeiro, assim como outras cidades portuárias do Brasil, em 1918.

E foi dessa experiência que nasceu a ideia de criar o projeto Pró-Matre, no Rio de Janeiro.  Em 1°de abril de 1918, foi realizada a reunião de fundação na casa da família Duval.

Decidiu-se fundar uma instituição de proteção a mulher pobre e à infância carente. Foram ao presidente da República, Venceslau Brás, solicitar um casarão na avenida Venezuela para instalarem a instituição.

Em 9 de fevereiro de 1919 inaugurou-se a maternidade, com duas enfermarias, sendo uma de obstetrícia e outra de ginecologia, num total de 40 leitos. O consultório para atendimento às gestantes teve, naquele ano, a média semanal de 162 consultas. Criou-se, logo a seguir, uma creche com capacidade de receber 20 crianças.

Nos anos seguintes foram instalados pela cidade do Rio de Janeiro 17 postos de saúde materna e 17 farmácias. Mais tarde os serviços ampliaram-se através de um hospital com 155 leitos, distribuídos em 15 enfermarias e 31 apartamentos particulares, além de laboratórios médicos e de serviços ambulatoriais à população feminina e à infância carente. De 1919 a 1985, a Pró-Matre recebeu cerca de 270 mil mulheres. Nasceram em sua maternidade aproximadamente 200 mil crianças.

As atividades de assistência social desenvolvidas por este grupo de mulheres ganharam maior amplitude política com o surgimento da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), organização que a maioria delas pertencia. A FBPF acolheu em seu programa político as propostas trazidas por esse grupo. Mantinham sempre um espaço para a discussão da proteção a maternidade e à infância, tanto nos congressos que desenvolvia, quanto em suas ações políticas em defesa dos direitos da mulher.

No primeiro congresso internacional feminista, em dezembro de 1922, o tema de proteção à maternidade recebeu uma ênfase acentuada. Presente, o médico Moncorvo Filho, responsável pela política pública de proteção às mães e crianças, tomou parte na comissão de trabalho examinou formas de ampliar o papel do estado no setor.

Chamava-se “maternidade higiênica” o conjunto de políticas públicas destinadas a proteger a mulher durante a gravidez, que implicava em ampla intervenção do saber médico na vida das mães e gestantes. Foi com está tônica que as atividades Pró-Matre atraíram um bom número de mulheres de classe média e da elite para o seio deste movimento feminista.

Fontes: arquivo da FBPF; Arquivo pró-matre; entrevista com Adele Lynch; Revista das mães do lar.

Elaborado por Carmem Margarida Oliveira Aveal, Hildete Pereira de Melo e Schuma Schumaher.

Imagem do arquivo Pró-matre.

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