domingo, setembro 8, 2024
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LITERATURA: FRANZ KAFKA – A METAMORFOSE

Por: Adna Soledade

Ao entrar em contato com tal obra, escutei um simples conselho e o mesmo eu vos direi: ” – Não se identifique com a barata!.”

Como toda arte, a história sempre fica melhor, quando se conhece o seu progenitor. Bora lá!?

FRANZ KAFKA NASCEU NO DIA 3 DE JULHO 1883, NA CIDADE DE PRAGA, capital da atual República Theca. formou-se em direito , mas trabalhou quase toda a vida em uma companhia de seguros. Queixava-se de que sua ocupação com a função que garantia seu sustento, deixava-o pouco tempo para seguir sua verdadeira vocação  que era escrever, devido a isto escrevia seus contos apenas quando dispunha de tempo livre.KAFKA deixará nítido o seu arrependimento em ter dedicado tanto tempo de sua existência ao trabalho .Preferia comunicar-se através de cartas ; escreveu inúmeras destas a seus familiares e amigas próximas, nesta lista incluía seu pai, a irmã mais nova OTTLA KAFKA, sua mãe e a noiva FELICE BAUER.

Possuía uma relação conturbada com seu pai, o que gerou uma grande influência sobre suas obras literárias.Apenas alguns contos foram publicados durante a sua vida:  as coleções de contos , “CONSIDERAÇÕES” , “UM MÉDICO RURAL” e contos como “A METAMORFOSE”  em revistas literárias.

Em 1917, foi diagnosticado com tuberculose e abandonou o emprego, mas continuou escrevendo. Internado nos arredores de Viena , veio a falecer desta doença no dia três de junho de 1924, pouco antes de completar 41 anos.

 Preparou a coleção ,”UM ARTISTA DA FOME” ,porém só foi publicado póstumamente. Trabalhos como “O CASTELO”, “O PROCESSO” e “OS DESAPARECIDOS” , foram publicados póstumamente, graças a Max Brod   que ignorou o pedido do autor para destruir os manuscritos.

ESCRITORES Influenciados POR KAFKA – Jean-Paul Sartre, Gabriel García Márquez  ,  Albert Camus,George Orwell e Ray Bradbury.

 “KAFKIANO”, tornou-se popular como sinônimo de algo complicado , surreal e labiríntico. Um conceito utilizado na descrição de situações e conceitos que remetem a sua obra, entre estas destacam-se, “O PROCESSO” e “A METAMORFOSE”.Entre os momentos empregados, estão quando a burocracia subjuga as pessoas, geralmente de forma que ultrapasse a lógica, evocando distorções, falta de sentido e situações que impossibilitam ajuda. Personagens de cena “KAFKINIANOS” normalmente carecem de autossuficiência para escapar das situações labirínticas o qual estão expostos. Os elementos “KAFKINIANOS” muitas vezes surgem em obras existêncialistas, mas o termo ultrapassou o universo literário transpondo-se para a realidade , sendo empregado em situações reais que são compreendidas como , complexas, incompreensíveis, bizarras e ilógica.

ANÁLISE DA OBRA ” A METAMORFOSE”

“A METAMORFOSE” foi escrita em 1912 e foi publicada apenas em 1915. O autor abre para o universo literário uma nova versão de escritor que se compraz, em abordar o absurdo o inverossímil , o lado inimaginável e assustador da existência , com todos os desdobramentos e consequências nas relações humanas.

O que causa até um certo espanto é predominância do humor negro. Mas ao decorrer da leitura torna-se aceitável quando injeta de forma proposital uma pitada de humor , buscando inserir leveza e palatabilidade à sua história.

A trama de A METAMORFOSE  envolve um jovem chamado Gregor, vendedor ambulante de tecidos ou caixeiro-viajante, em certa manhã acorda transmutado em um inseto monstruoso  e gigante.

Neste aspecto , há uma descrição que leva o leitor a compactuar  com a imagem de uma barata ou até de um besouro. Este personagem têm a vida modificada do dia para a noite, antes um homem dedicado ao trabalho e após a situação passa a não ter mais uma fonte de renda, sendo o mesmo a única fonte de renda da família , após este trágico evento o personagem central vê-se em uma situação de dependência do outro, onde até a sua própria imagem gera desconforto, passando de provedor a subordinado da sorte.

Sua mãe reage com desespero de início , seu pai fecha-se em seu mundo e sobra-lhe contar apenas com a irmã mais nova , o qual desde o começo é ressaltado a sua afinidade, já que a mesma foi quem desde a princípio notou que havia algo de errado, mesmo não tendo visto o estado em que o irmão se encontrava, ao decorrer dos escritos deixa nítido que mesmo devotada a figura existente no passado ,com o tempo ela vai cansando-se da situação que não têm poder de modificar. Por falta de possibilidades comunicativas, que com o tempo ele passa a perder a habilidade de expor seus pensamentos em palavras , sendo assim vê-se em uma posição em que precisa ficar atento as conversas alheias , escutando escondido o que ao redor era mencionado, seu convívio social é reduzido a quase nada, enclausurado em seu quarto de forma visceral vê-se desprendido do universo humano , as observações comportamentais de cada individuo envolto na trama, leva o leitor a vislumbrar estes arquétipos transpondo-se do universo literário para o real.

O menor contato gerava mal estar, chegando a um ponto de ser ferido seriamente por seu pai , ao atingi-lo com uma maçã ao arremessa-la contra Gregor, que mesmo bem intencionado não foi compreendido ao gerar um susto na própria mãe, ao tentar conter a retirada de um único bem , que antes estava sob sua posse.

Ao fim,O INSETO- HOMEM morre, em um dia que todos já haviam concordado que deveriam livrar-se dele, pois em suas vidas não havia espaço ou tempo. Quem o encontra é a faxineira , que havia habituado-se a vê-lo com uma certa constância e tinha a convicção de que Gregor compreendia o que a ele era dito, a única a acreditar que apesar de sua aparência este conservava uma consciência. E esta se incumbiu de fazer o descarte da criatura , apesar do breve choro exteriorizado pelos familiares , todos de forma quase imediatista seguem seus planos e discutem o futuro de forma tranquila.

  • “POIS BEM – disse o senhor Samsa -,AGORA PODEMOS DAR GRAÇAS A DEUS.”
    Este livro coloca em xeque as relações familiares e o valor do individuo quando este atinge o ápice de sua serventia. O ser que aos poucos vai sendo tomado pela tristeza e por uma cólera silenciosa , quando se vê tratado como um ser aparte da sociedade o qual faz parte, mostrando o quão doentio pode ser o mundo que o cerca , apesar de diversas vezes julgar o doente aparente como agente causador e não como fruto do meio.     

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