“Quais são os principais problemas interiores de nosso tempo? Ao aprofundarmos os motivos de perturbação das pessoas, tais como ameaça de guerra, convocação e instabilidade econômica, quais os conflitos básicos que encontramos? Não há duvida de que os sintomas descritos, em nossa época e em qualquer outra, são infelicidade, incapacidade para tomar uma decisão referente ao casamento ou a carreira, desespero generalizado, falta de objetivo na vida, e assim por diante. Mas o que se encontra sob tais sintomas?”- Rollo May – O homem a procura de si mesmo.
Quando se fala do sofrimento humano, não podemos desconsiderar o período histórico, uma vez que somos seres carregados de historicidade, que se modifica de acordo com o período/época. Há questões que são do período e aquelas que se perpetuam por séculos, por exemplo, a questão do racismo, homofobia, machismo e etc., que reverberam até os dias atuais. O convite aqui é de pensarmos na questão figura do sofrimento de nossa sociedade atual, o VAZIO, que desde o século passado já era uma questão analisada no campo da saúde e também da sociologia, como descreveu Rollo May.
O vazio nesse contexto é considerado como sentimento de angustia e falta de sentido, em uma sociedade que tende a ignorar suas necessidades, não se dá conta do que sente e sem tempo para pensar, cada vez mais distante de si mesmo. Preocupadas com tantos estímulos novos ofertados a casa minuto, as pessoas estão com uma necessidade de preencher espaços a qualquer custo e, não faltam ferramentas que ajudam a colocarem isso em prática, as redes sociais são campeãs nesse quesito (quem já não experienciou bons minutos ou até horas rolando a tela do celular, sem ao menos prestar a atenção no conteúdo presente?), bem como a rotina agitada de trabalhar horas continuas, praticar esporte, conhecer lugares novos, adquirir bens e status, se relacionar, estar com a família, viajar, passar tempo com jogos e apps e por ai vai, o que não falta são estímulos.
Depois dessa “pequena lista” é necessário lidar com a cobrança da procrastinação, a nova tendência, nome dado para uma ação de protelar ou deixar de fazer uma tarefa ou ação. Então penso que:
Estão procrastinando ou estão em esgotamento de um tanto de coisas que fazem e não percebem quais são suas reais necessidades e limites?
Viver lançado no esgotamento, cansaço e estresse para manter as aparências mais do que viver a experiência, acarreta desconforto existencial e falta de sentido pessoal. Esse pensamento que é “vendido” de forma instantânea de que, para manter vivo numa sociedade de consumo é preciso estar sempre ocupado –“gerando valor”, é potencial gerador de ansiedade e vazios, a cada novidade ofertado a pressão de que existe um jeito prático para se obter bom resultado e, se você não consegue, o fracasso é exclusivamente teu.
E aí! Como manter-se motivado, feliz e sem procrastinar, quando na real a pessoa nem sabe o porquê está nessa corrida social cheia de disputas e desigualdades?
Os anseios para a tão sonhada linha de chegada geram sofrimento, e mais ainda para se manter nela, uma vez que é mutável e a cada novidade fica mais distante de ser alcançada. Quanta incerteza não é mesmo? Então convido você, caro leitor, a contatar as suas vontades e desejos que atribuíram sentido genuíno a sua vida. Uma sugestão de como acessar esses significados é relembrar dos sonhos de criança, livres de julgamento e genuínos, às vezes tão simples, às vezes tão grandes, mas com certeza todos atribuídos de sentidos e significados.
Psicóloga Josiele de Souza – Crp 06/115607 www.viagememocional.com.br | Instaram: viagem_emocional
Mais informação sobre ansiedade e saúde: https://folhadeitapevi.com.br/category/saude/
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