‘Os episódios de violência não param de aumentar, eu sou uma pessoa muito visada’, disse o ex-editor do The Intercept Brasil
O jornalista Leandro Demori, ex-editor-executivo do site The Intercept Brasil, anunciou que deixou o Brasil por conta de ameaças e da crescente onda de violência política no país.
“Eu decidi, junto com a minha família, sair do Brasil durante esse período. Nós não estamos mais no Brasil, a gente saiu do país, vai passar um tempo fora, possivelmente um bom tempo fora”, informou o profissional.
Ameaças
Em janeiro deste ano, durante férias com a família em Santa Catarina, Demori foi ameaçado por um homem desconhecido, enquanto saía de uma mercearia junto à esposa e ao filho de três anos. O sujeito, que também fazia compras no local, aproximou-se do jornalista, tocou em seu ombro e disse: “Se liga, que a vida do teu filho depende de ti”. Após isso, a pessoa deixou o lugar entrando em uma rua lateral. O caso foi levado às autoridades por meio de um boletim de ocorrência.
“Os episódios de violência não param de aumentar, eu sou uma pessoa muito visada, me tornei uma pessoa reconhecível na rua”, disse o jornalista, destacando que nunca buscou a fama e sempre trabalhou mais nos bastidores, mas acabou ficando em evidência após a Vaza Jato, série de reportagens que realizada a partir de mensagens de Telegram de procuradores do Ministério Público Federal e do ex-juiz Sergio Moro, durante a operação Lava Jato.
“Nunca imaginei que me tornaria um rosto conhecido e isso aconteceu por causa do meu trabalho, mais notadamente depois da Vaza Jato. Isso é consequência do trabalho jornalístico, não foi algo que a gente pediu, nem algo que a gente tinha como evitar depois que saiu a Vaza Jato, e, realmente, não havia mais condições psicológicas e objetivas de ficar no Brasil”, explicou Demori, pontuando que a exposição o impede de ter uma vida normal, até mesmo para sair para votar.
“Não foi fácil [a decisão], tivemos que tirar nosso filho da creche, etc e tal, uma confusão dos diabos, tudo meio correndo… E nunca é demais lembrar que o nosso único desejo é que essa fase passe, que as coisas voltem minimamente ao normal e que a gente possa, a partir de 2023, criticar o governo Lula de modo legítimo e democratico”, concluiu.