domingo, novembro 17, 2024
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A economia valoriza cada dia mais a imaginação, a cultura e a criatividade

Por Dalmo Viana

O escritor norte-americano Alvim Tofler, reconhecido mundialmente por seus estudos sobre revolução digital e tecnologia, vaticina que “o analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”. O momento é de nos reinventarmos e aprendermos novas formas de utilizarmos nossa capacidade criativa, de inovação e de nos relacionarmos com as pessoas e o mercado de trabalho.

Há alguns anos já não podemos dissociar a economia de palavras como compartilhamento e criatividade. E essas duas ideias não existem sem estarem amparadas em inovação e tecnologia. Quando juntamos todos esses ingredientes, conceituamos o que chamamos de Economia Criativa, ou seja, um conjunto de negócios que envolve a criação, produção e distribuição de produtos ou serviços pautados na criatividade.

Em tempos de turbulência sanitária, econômica e política, a Indústria Criativa apresenta grande potencial de crescimento e se revela como importante fonte de renda e geração de emprego, ao mesmo tempo que promove a diversidade cultural e o desenvolvimento humano. Afinal, estamos falando de produções únicas, que não podem ser igualadas por outra pessoa ou organização, como uma pintura, um filme, uma peça de teatro, uma música, um aplicativo ou game para celular, ou quaisquer outras iniciativas que surgem da imaginação e do capital humano.

Mas, na verdade, Economia Criativa é um nome novo para um modelo de negócio que acontece desde sempre. Obras de arte são comercializadas há séculos e sempre movimentaram um mercado muito lucrativo. De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, essa indústria representa mais de 4,3 bilhões de dólares anualmente e mobiliza mais de 144 milhões de profissionais no mundo. Cabe a nós transformarmos essa crise em oportunidade para colocarmos em prática aquela ideia ou projeto que estávamos aguardando o momento certo para concretizarmos. A hora é agora.

Desemprego: população ocupada tem queda recorde

O impacto da pandemia do novo coronavírus tem se mostrado cruel não só pela perda de milhares de vidas, mas também pelo aumento da recessão e fechamento de vagas de trabalho. Pela primeira vez a pesquisa realizada pelo IBGE desde 2012 revela que menos da metade da população em idade de trabalhar está ocupada. Isso significa que 87,5 milhões de brasileiros estão ou desempregados ou fora da força de trabalho, superando os 85,9 milhões de trabalhadores.

Precisamos encontrar alternativas para gerar renda para essa massa que foi duramente atingida pelas medidas de distanciamento social. Uma das saídas está no empreendedorismo. Estudos do Sebrae apontam que em 2020 o grupo dos empreendedores iniciais cresça e atinja 25% da população adulta, um recorde histórico. Para que isso aconteça e gere resultados positivos, será fundamental que as políticas públicas e programas de estado contemplem os mais diferentes perfis para incrementar a Economia Criativa no país.

A FIRJAN, que desenvolveu o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, destaca que o setor foi responsável por 2,64% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019. O mesmo levantamento aponta que o setor de Tecnologia emprega 37,1% dos profissionais da economia criativa, com a maior média salarial. E o uso da tecnologia só tem crescido nos negócios dos mais diferentes segmentos. Falta qualificar a mão de obra e diminuir o alto custo de implantação de novos recursos de inteligência artificial.

Para exemplificar, a Microsoft anunciou que vai preparar, até o final do ano, 25 milhões de pessoas em todo o mundo. Os participantes terão acesso gratuito a programas da Microsoft, LinkedIn e GitHub, além de certificações e ferramentas para encontrar vagas. O programa será voltado para suporte de TI, marketing digital e design gráfico. A Microsoft prevê que, até 2025, o mercado terá mais 149 milhões de trabalhos ligados à tecnologia.

Está provado o enorme potencial da Economia Criativa a ser explorado com a participação do poder público. É função do governo e organizações civis de modo geral contribuir para o desenvolvimento dessa indústria, reduzindo a burocracia, oferecendo linhas de crédito e disponibilizando apoio logístico.

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