As horas caminham vagarosamente… O dia passa lentamente… O tempo parece não ter pressa… Em alguns momentos, chega até a dar a impressão de que o tempo parou… O ar está parado… Olho ao meu redor e sinto vontade de escrever uma carta para mim mesmo…
Vejo uma nuvem mais escura do que outras… Quando era criança, gostava de pensar numa nuvem, como se fosse algodão doce… Também procurava figuras nas nuvens… Se sentava na varanda de casa e me deixava levar pela imaginação…
Naquele tempo, eu era apenas uma criança, que lia tudo o que aparecia por perto… Propagandas em papel, revista em quadrinhos, fotonovelas, e claro, os livros do Círculo do Livro… Era sócio e todo sábado o vendedor batia em casa, para entregar o pedido da semana anterior e anotar o da semana seguinte…
Neste momento, estou com o rádio do celular ligado… Escuto músicas antigas… As antigas me levam não só para aqueles tempos, me abrem, me escancaram e me motivam… Falo sempre sobre o poder que as músicas têm sobre mim… Naquele tempo eu tinha um radião e eu o levava pra tudo que é canto da casa: sala, cozinha e meu quarto…
Adorava ficar ouvindo música no meu quarto… Se fosse de dia, fechava a janela, apagava a luz… Isso tudo depois de colocar o radião ao lado da minha cabeceira… Se deitava, fechava os olhos e ia embora para um monte de mundos que eu inventava…
Sim, eu era apenas um garoto, que apesar de viver fora da realidade, percebia, claramente, tudo ao redor… Observava muito os mais velhos… Observava seus comportamentos, muitas vezes eu os imitava… Pois é, eu sonhava em ser gente grande, apesar de ver suas dificuldades… As conversas, que eram uma espécie de discussão acalorada, sempre me pegaram de jeito…
Eu já tinha consciência da realidade, mas estava nela, somente quando queria… Quando não queria, me jogava na leitura e no ouvir música… E eu sabia que os livros me traziam muito da realidade, e quando a história ficava muito nervosa, eu o fechava e me jogava na música… Eu me permitia, o deixe-se estar à vontade… Às vezes, ao invés de ler ou escutar música, pegava um tomate, partia no meio, tirava os dois miolos, enchia-os de açúcar e comia… Há!!!… Era muito bom!!!…
É isso…
Grande abraço a todos…
Quem conversa com ele 10 minutos não sai sem aprender algo além de ter dado muitas e boas gargalhadas.
Joaquim Brandão