Sempre que sentimos que estamos em crise podemos experimentar uma sensação de insegurança. Nosso intelecto se assusta diante de não conseguir encontrar uma solução.
É nesses momentos que o tarô se revela um instrumento potente de ampliação de
horizontes. Além de nos ajudar a pensar com criatividade.
O tarô é feito de imagens simbólicas que conversam com a capacidade imaginativa.
Quando nos permitimos inspirar, as possibilidades que até então estavam ocultas começam a aparecer.
E quem nunca se fez as perguntas: o que estou fazendo da minha vida? Será que é isso mesmo que eu quero? Quem sou eu?
Para falar de momentos como estes eu escolhi a carta O Louco. Ele é o herói do Tarô, é a imagem do andarilho, que nem sempre está perdido, mas que sai em sua aventura para conquistar algo ainda desconhecido.
Todos nós diante de uma crise nos sentimos perdidos e como diz o ditado, “é preciso se perder para se encontrar”.
Podemos considerar o tarô como a jornada do louco no desenvolvimento de sua
personalidade, olhar esse, inspirado na jornada do herói de Joseph Campbell, que relata um padrão comum nos mitos e histórias da humanidade que podem ser associados a nosso desenvolvimento pessoal.
Segundo Campbell, a jornada do herói é também para dentro, onde são superadas
resistências e forças esquecidas são reconquistadas.
Se você olhar para a carta verá que ele caminha despropositadamente e está próximo de um precipício, que representa uma oportunidade inevitável. Algo novo vai surgir.
Sabe quando temos aquela sensação de cair de paraquedas numa situação? Esse é o herói diante do seu chamado, há um perigo eminente, após sua queda, terá que encontrar o caminho de volta.
Será que voltará o mesmo?
Nossa primeira lição com a carta é que a crise pode ser um chamado para o nosso crescimento pessoal. E, cabe a nós aceitarmos ou não esse chamado. Há sempre a possibilidade de recusa e neste caso, continuamos ali desavisados diante do precipício.
Sem seguir adiante, o louco é só alguém perdido, que não questiona a sua vida.
Sabe aquela famosa frase de Lewis Carroll “se você não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve”? Ao recusarmos o chamado estamos a mercê do destino.
Herói é aquele que dá a vida por algo maior e é nesse sentido que o louco caminha para o precipício. Ao lado dele está um cachorro que é o melhor amigo do homem, mas também pode indicar que ele confia no seus instintos, no seu faro.
O louco está sempre no aqui e no agora, levando com ele uma pequena bagagem com somente o essencial.
O número da carta (zero) simboliza o infinito. Ele é ausência e ao mesmo tempo potencialidade, é cíclico, assim como a jornada que vivemos e revivemos muitas vezes ao longo da vida.
Em outros baralhos ele pode ser o número 22, a última carta. Portanto, ele é começo e fim, e transita pelas cartas como se fosse um ritual de passagem.
Nas suas roupas podemos considerar seu estado de espírito. Suas botas amarelas de otimismo e sua roupa laranja de calor do fogo, em contraste com o sol branco e a paisagem árida, predizem que o novo começo não é uma tarefa fácil. As crises são momentos de tensão.
A flor branca em sua mão representa a pureza e transformação, ele está disponível para o momento, entregue. Então, mesmo que tudo ao seu redor pareça desfavorável, o seu estado de espírito é de confiança que ali se inicia um caminho de aprendizado.
A carta traz uma outra lição fundamental. Ela nos ensina que para adentrar algo novo, precisamos desafiar o intelecto – este que fica tão desesperado diante de uma crise. Além disso, precisa viver e sentir esse desespero de estar em suspensão, de se voltar para dentro no mundo da imaginação.
Mas, também é preciso cuidado. Afinal, toda carta tem um sinal de alerta e, no caso do louco, há o perigo de se perder demais.
Ele está prestes a mergulhar no abismo dos caminhos desconhecidos, mas se permite seguir, encarando isso como uma oportunidade de crescimento.
Talvez esteja aí o maior ensinamento da carta, é preciso lidar com o fato de que nunca vamos nos sentir totalmente prontos. Contudo, mesmo assim devemos seguir com entrega e confiança de que podemos aprender e crescer com os momentos de dificuldade.