As dores silenciadas são gatilhos perigosos para pensar no suicídio como uma forma de resolução, uma temática cheia de tabu que rompe possibilidades de diálogo, pela sociedade e pelos próprios familiares de quem sofre, e só contribui para as tantas vidas interrompidas. É urgente ouvir, observar, falar e perceber as pessoas que estão ao nosso redor, pois fingir que o problema não existe, não o elimina.
O tabu envolto no suicídio propaga desafetos as vítimas desse ato, uma vez que são vistos, por uma parcela significativa da sociedade, como pessoas culpadas, fracas, que não pensaram na família, que perderão o direito divino após a morte e tantos outros julgamentos pejorativos. A família enlutada é vítima desse show de horror, pois no momento que precisa de acolhida recebe o oposto disso.
Tal cenário contribui para manter o tabu e as pessoas que sofrem com ideações suicidas não falarem o que estão sentindo, por medo do julgamento, favorecendo para que esses pensamentos virem comportamentos e vidas se interrompe.
As frases como “É FRESCURA”, “SÓ QUER CHAMAR A ATENÇÃO”, são mais comuns do que a gente imagina, e a gravidade que contém nelas são tamanha, pois minimiza e desqualifica a vida e o sofrimento alheio.
SEMPRE QUE A MORTE FOR SOLUÇÃO, ESTAMOS DIANTE DE UMA SITUAÇÃO URGENTE DE SAÚDE MENTAL.
Compartilho aqui algumas falas e comportamentos que sinalizam pedidos de atenção e ajuda.
· Usar de tons de “brincadeira” com frases do tipo “queria sumir”, “podia dormir e não acordar mais”, “vontade de desistir de tudo”. São algumas das tantas frases que podem ressoar um sofrimento ou pedido de ajuda. Se você conhece alguém que traz esse discurso, converse com a pessoa, mostre interesse (e sinta interesse de verdade), sua ação pode ser um espaço disponibilizado para um desabafo, uma conversa que amplie e desperte ideias mais saudáveis ou até mesmo uma orientação para um encaminhamento profissional.
· Outro ponto comum, principalmente no publico de adolescentes, são as “famosas chantagens” de que se algo não for feito existe uma ameaça do “então eu vou me matar”. Os pais e cuidadores próximos tendem a sentir desprezo pela criança que tem esses comportamentos e reforçam ser uma frescura ou ameaça para conseguirem o que querem. Quando uma frustração acontece e a saída é dizer que vai se matar, estamos diante de um cenário que exige atenção, pois na vida não teremos tudo do nosso jeito, limites e regras fazem parte de um convívio social, mas convenhamos que ha formas distintas de enfrentar os incômodos que não seja violando a própria vida. Portanto é preciso levar a sério, dialogar com a criança e buscar recursos profissionais.
· Ninguém está imune ao sofrimento, à vida é um acontecimento do qual não temos controle de tudo que virá. Cuidar de si, reconhecer as emoções e levar a sério quando parecer difícil atravessar situações dolorosas só contribui positivamente para que ajustamentos saudáveis sejam criados. Cuidar de si e do outro é um ato de humanidade e amor.
Portanto, que sejamos pontes para atravessamentos de abismos e que a vida possa sempre vencer e continuar.
*Existe um canal gratuito no qual pessoas acolhedoras estão disponíveis para conversar. Ligue 188 – CVV Centro de Valorização a Vida.
*Busque ajuda profissional, existem pessoas incríveis que acreditam em você!
Psicóloga Josiele de Souza – Crp 06/115607
Instagram: viagem_emocional