domingo, novembro 17, 2024
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Brasil deve perder 7,4% do PIB. É hora dos governantes preparem planos e diminuírem expectativas.

Por Dalmo Viana

“É a economia, estúpido”. Essa frase cunhada pelo marqueteiro do ex-presidente americano Bill Clinton demonstra a importância determinante do cenário econômico no resultado eleitoral. E é num contexto de recessão brutal resultante da pandemia mundial, que vamos enfrentar eleições municipais neste ano. Segundo relatório divulgado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro sofrerá um recuo de 7,4% em 2020.

O Produto Interno Bruto é a soma de toda a riqueza produzida por um país ao longo de um ano. Um resultado negativo nessas proporções pode significar, entre outras mazelas, um recorde histórico no índice de desemprego. Somente a título de exemplo, a previsão nada otimista para o setor de restaurantes, um dos mais afetados pela quarentena, alerta para o fechamento de 20% dos estabelecimentos. E, praticamente, decreta o fim de um modelo de negócios que domina 60% do mercado: os restaurantes self-service e de comida a quilo.

Devemos nos reinventar e os governos municipais, estaduais e federal precisam ser parte da solução e não do problema. O documento divulgado pela OCDE elogia as medidas implementadas no sentido de proteger os mais vulneráveis e apoiar as empresas afetadas. Governo Federal e Congresso Nacional aprovaram um auxílio emergencial temporário de R$ 600, que segundo cálculos do IFI (Instituto Fiscal Independente), órgão ligado ao Senado, já beneficiou 80 milhões de pessoas, a um custo de R$ 155 bilhões.

A pandemia e essas medidas de mitigação da queda na renda familiar colocaram em tela, como num filme de terror, a vergonhosa crise social brasileira. Mais de 107 milhões de brasileiros se inscreveram para receber o benefício, quase metade da população. E como reconheceu o Ministro da Economia, Paulo Guedes, o governo “descobriu” 38 milhões de trabalhadores informais invisíveis, que não contam com nenhum apoio do Estado. Apesar das falhas, o resultado do auxílio foi positivo, o que comprova o aumento da popularidade do presidente Bolsonaro entre os beneficiários. Até já se fala na criação de uma renda básica permanente.

Uma segunda onda do Covid-19 pode aprofundar a crise

O Brasil se tornou um dos epicentros da doença, atrás apenas dos Estados Unidos. Com as medidas de flexibilização da quarentena em função da economia, corremos o risco de vivenciarmos uma segunda onda da pandemia. Nesse novo cenário, que poderá ocorrer no terceiro trimestre de 2020, a OCDE aponta uma queda ainda maior do PIB brasileiro, chegando a assustadores 9,1%. De acordo com organização internacional, o mundo terá uma retração de 6% neste ano, mas caso aconteça uma nova onda do Covid-19, a taxa negativa subiria para 7,6%.

O relatório ressalta, ainda, que o Brasil sofre com um espaço limitado nas contas governamentais, com “exacerbado” aumento da dívida pública, o que exige esforços para melhorar a sustentabilidade fiscal e a eficiência dos gastos públicos. Mas nem tudo é pessimismo. Para a OCDE, o Brasil tem tudo o que precisa para crescer de maneira muito mais forte e melhor, e algumas poucas reformas cruciais poderiam fazer enorme diferença.

O Ministro da Economia fala em retomar a agenda de reformas no segundo semestre para impulsionar o crescimento e o investimento privado.Está aí uma oportunidade para se intensificar o debate em torno da instituição de uma renda básica que faça frente à pobreza extrema e enfrente a vergonhosa desigualdade social brasileira. Esse não é só um dever moral. Está provado que a justiça social é uma alavanca para o aumento da produtividade e para o desenvolvimento sustentável.

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