sábado, novembro 16, 2024
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A ciência contribui para superarmos nosso complexo de vira-lata ao assumir a vanguarda na luta contra o Covid-19

Por Dalmo Viana

O físico e escritor israelita Eliyahu Goldratt é um entusiasta da “humildade arrogante do cientista: aquele indivíduo que tem a humildade de reconhecer que os problemas são complicados combinada com a arrogância (convicção) de que somos capazes de resolvê-los”. São pessoas assim que fazem o mundo avançar. E nós, brasileiros, podemos nos orgulhar de uma classe reconhecida mundialmente pelo seu talento e competência.

Aliados dos profissionais de saúde, os cientistas brasileiros estão na linha de frente no combate à pandemia. De seus laboratórios, que sofrem com os cortes de verbas e a pressão imposta pela crise, saem respostas em tempo recorde que têm sido fundamentais para mitigar os danos da infecção pelo coronavírus e acender a esperança na produção de uma vacina que derrote esse inimigo.

Graças ao acúmulo de conhecimento, produção eficiente, controle de qualidade e profissionais altamente qualificados, o Brasil conseguiu entrar para o seleto grupo de países que está na liderança do processo de pesquisa para a produção de uma vacina que possa imunizar a população contra o Covid-19. Nosso Know-how não é novidade para a comunidade científica internacional, pois é aqui no Brasil que está na fase 3 de teste uma vacina contra a dengue, que poderá ser a primeira no mundo a realmente proteger contra essa doença.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 6 vacinas contra o coronavírus já estão na última fase de testes clínicos e à medida que se mostrem seguras e eficientes entrarão em processo de produção e distribuição em massa. O Brasil participa em duas iniciativas: uma desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, outra pela empresa chinesa Sinovac, que serão fabricadas pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan.

Sabemos que o caminho é longo e os resultados ainda são incertos. Mas, optamos por levar a você, meu caro leitor, um retrato da pesquisa científica nacional e contribuir com um pouco de otimismo nesse momento tão difícil. A Wylinka é uma entidade do terceiro setor que se propõe a promover e incentivar a inovação e o empreendedorismo. Ela divulgou um levantamento sobre tecnologias e soluções desenvolvidas pela ciência brasileira para o combate ao Covid-19. Veja, a seguir, 10 motivos para nos orgulharmos da nossa produção intelectual.

1 –    Tecido à prova de Coronavírus: Pesquisadores da UFSCar e a startup Nanox criaram um tecido capaz de eliminar 99,9% do coronavírus.

2 –    Antisséptico para comunidades carentes: A startup Bioest, liderada pela Escola de Enfermagem da USP Ribeirão Preto, Escola de Engenharia da USP Lorena e Instituto de Ciências Biomédicas da USP, desenvolveu um antisséptico de baixo custo mais efetivo que o álcool em gel.

3 –    Vacina por spray nasal: Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP está testando o desenvolvimento de uma vacina de nanopartículas por spray nasal. A ideia é inibir a entrada do patógeno, bem como sua proliferação.

4 –    Respiradores de baixo custo: A escola de engenharia da USP, em parceria com o Instituto Federal e a Marinha do Brasil, desenvolveu o Inspire, um respirador de baixo custo para suporte a pacientes com problemas respiratórios.

5 –    Sequenciamento do genoma viral: O Brasil foi um dos primeiros países a sequenciar o genoma do coronavírus. Um esforço conjunto de pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, da Universidade de Oxford e do Instituto de Medicina Tropical da USP.

6 –    Teste mais rápido do mundo: A nova tecnologia desenvolvida pela startup de bioinformática Varstation e o Hospital Albert Einstein permite a realização de 100.000 testes por mês, 16 vezes mais rápido que os atuais.

7 –    Remédio para tratamento do Covid: USP e UFMG testaram 65 componentes químicos que poderiam combater o Covid. O estudo identificou 4 drogas como potenciais.

8 –    Capacete de proteção: Na Universidade Federal da Paraíba foi desenvolvido um modelo de capacete que oferece ventilação não invasiva a pacientes de Covid. Os protótipos estão em testes no Hospital das Clínicas de São Paulo.

9 –    Rodos com UV: O Instituto de Física da USP de São Carlos

criou rodos que utilizam radiação ultravioleta para descontaminação de pisos. Segundo estudos, a luz UV-C destrói a capa proteica e o material genético de qualquer vírus.

10 –    Inteligência Artificial: O Laboratório de Inteligência Artificial da UFMG, junto com a startup Kunumi, desenvolveu uma tecnologia baseada em IA capaz de melhorar insights sobre grupos de risco, capaz de gerar modelos preditivos sobre a progressão da pandemia no mundo.

Apesar dos negacionistas de plantão, que insistem em ignorar os avanços, somente através da ciência e de políticas públicas baseadas no conhecimento construído em nossos centros de pesquisa poderemos enfrentar e vencer esse inimigo. Os gestores, seja no campo federal, estadual ou municipal, devem estar comprometidos com o desenvolvimento científico, com inovação e a produção intelectual. Vamos, juntos, fazer essa nação avançar.

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